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6.10.04

Pobres marujos

Desde o atentado de 11 de setembro, as medidas de segurança anti-terrorismo têm dificultado o desembarque dos marítimos. Hoje, nos portos norte-americanos, guardas impedem que tripulação estrangeira sem visto deixe o navio. O trânsito só é permito com visto individual, com custo de US$ 100 cada. O processo atrapalha a operação, trazendo prejuízos financeiros, principalmente para os armadores que negociam as cargas pouco antes de chegar aos portos norte-americanos.

Na quinta-feira (30/09), Dia Marítimo Mundial, navios do mundo inteiro fizeram manifestação contra o tratamento discriminatório dado aos tripulantes soando suas sirenes ao meio-dia. Segundo informações do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação (Syndarma), os Estados Unidos estariam desrespeitando a Convenção 185 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que determina as regras de tratamento dos marítimos. O movimento contra essas ações é liderado pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) e pela Federação Internacional dos Armadores (ISF).

"Os mais prejudicados são os armadores que trabalham sem linha definida e negociam as cargas dois ou três portos antes da chegada aos Estados Unidos. O consulado americano exige que os marítimos compareçam ao Rio de Janeiro para a retirada do visto. É prejuízo financeiro para o embarcador que precisaria mandar todos de volta ao Brasil", comentou o vice-presidente do Syndarma, Bruno Lima, em entrevista ao NetMarinha.

Como muitas vezes não é possível tirar o visto para todos os marítimos, cria-se uma situação constrangedora dentro da embarcação. "São trabalhadores que passaram até 40 dias no mar e merecem algum tempo em terra. Por acordo internacional, o marítimo sempre foi tratado de forma diferenciada em países estrangeiros. Como o episódio de 11 de setembro, isso mudou", afirmou Lima, destacando que o maior prejuízo é para o relacionamento entre a empresa e o marítimo.

Com a participação da ITF e da ISF - órgãos ligados à OIT, da Organização das Nações Unidas (ONU) -, o vice-presidente do Syndarma acredita ser possível reverter o quadro. "São entidades que têm forte representação junto ao governo americano. Com exceção dos navios de linha, que saem com destino pré-determinado, todos os embarcadores estão tendo problemas com isso", completou.

Conforme o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aqüaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (CONTTMAF), Severino Almeida, "os Estados Unidos estão exacerbando e temos receio de que esta experiência americana termine por contaminar o mundo todo, dada a grande influência que este país exerce no mundo. Já encaminhamos um ofício a Embaixada dos EUA no Brasil e agora vamos agendar uma reunião que contará com a presença do embaixador americano, do Secretário Nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, da CONTTMAF e do Syndarma."

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