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12.6.05

PPP

Essa coisa do aumento no número de milionários em dólares no Brasil está pipocando em tudo que é canto, como se significasse alguma coisa. Parece até as manchetes sazonais sobre desemprego e inflação (desemprego sobe no começo do ano! Baixa no segundo semestre! A inflação do tomate! Inflação de Fevereiro é a maior do ano!). É, para fins retóricos, mais contundente se você comparar o dólar médio, digo, o número de milionários de 2002 com o de 2004, como faz o Elio Gaspari hoje.*

PPP significa Purchasing Power Parity, ou paridade do poder de compra. É a tentativa de se estabelecer um tamanho "real" da economia, que escape aos altos e baixos do câmbio. "Real" está entre aspas, não só porque não existe um tamanho real da economia, como porque a paridade de poder de compra não é útil para se estimar várias dimensões da economia. Em qualquer relação internacional (PIB/corrente de comércio, dívida externa, etc), a PPC é irrelevante, e se você quiser eliminar um pouco da volatilidade do câmbio, deve usar algum tipo de média móvel (câmbio médio dos últimos x meses). A maior utilidade da PPC é para uma conta de dividir : o PIB em PPC/número de habitantes = a renda per capita.

E aí? E aí que o PIB brasileiro é uma estimativa, num país em que metade dos trabalhadores são informais. E a população, calcula-se, está subestimada em algo entre 8 e 16 milhões, num país em que municípios inteiros não sabem o que é uma certidão de nascimento, e a atividade mais básica do Estado, que é reconhecer seus cidadãos, é privada.

Não que o Brasil seja algo de tão excepcional assim - na Itália, Il Sorpasso (da economia sobre a do Reino Unido) foi atingido recalculando-se o peso do setor informal. Recalculando-se quer dizer mudando o chute mesmo. Na China, demógrafos denunciam um ligeiro erro nas contas populacionais, coisa de uns 300 milhões a mais. Só um Estados Unidos inteiro vivendo nas favelas rurais chinesas sem registro.

*Na mesma coluna em que repete texto do Cesinha denunciando o fato de o Delúbio ter atacado a Heloísa Helena, a Lacerda de esquerda, num "hotel de luxo." (A casa de campo do Cesinha, quando eu visitei, batia qualquer hotel. Tudo bem, pertencia à mulher.)

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