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3.2.06

Bem feito por linhas tortas

O episódio do concurso de caricaturas xenófobas dinamarquês:

Setembro
Jornal racista publica cartuns feitos pra ser ofensivos.
Organizações muçulmanas* dinamarquesas protestam.
Até aí, morreu o assunto. Mais um de 22025956335673 casos em que jornais cometem alguma babaquice e os grupos insultados protestam.

Janeiro
Por algum motivo (insira sua teoria favorita), os governos árabes resolvem tomar a causa pra si, e denunciam entre outros o governo dinamarquês, demonstrando a total incapacidade de gente como sua majestada Abdullah ibn Saud** de separar governo e imprensa. Faz sentido - na Arábia Saudita, se algo foi impresso, o rei aprovou. E coisas bastante interessantes são impressas - por exemplo, regularmente, o libelo de sangue, a acusação medieval (incomum no islã medieval, mas frequente na cristandade) de que os judeus usam sangue de criancinhas em seus rituais, e até pra fazer o chalá. Ou, no Egito, documentários de TV usando os Protocolos dos Sábios de Sião como fonte.

E quer saber? Essa hipocrisia e confusão estarem atingindo o governo e as múltis dinamarqueses é bem feito. Porque o governo e a grande burguesia dinamarqueses apóiam descaradamente gente "simpática" como a Pia Kjåersgard, que engenhosamente publicou em jornais o nome e endereço de todos os imigrantes do oriente médio na Dinamarca.

*Pra distinguir de "islâmicos," que se centrariam na religião, "muçulmanos" é mais frequentemente (embora de maneira alguma sistematicamente) pra se referir à cultura, e portanto inclusive àqueles curdos, árabes, persas, turcos, pakis, etc. que não são particularmente religiosos.

**Poderes: executivo, legislativo, judiciário, moderador, econômico (via ser dono da Saudi Aramco), tribal...

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