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11.12.07

Elogio da guerra I - manifesto da crueza

Um grande bafafá está rolando depois que o César Maia levou ao conhecimento da classe política fotos vazadas por policiais. As tais fotos mostrariam vítimas de execuções sumárias. O que é curioso, pra mim, na discussão, é que pelo tom adotado tanto pelo pessoal do espancar e matar quanto pelo pessoal dos direitos humanos é de que essas fotos glorificam a violência.

E, bem, pode até ser verdade. Mas fotos cruas dos mortos foram, em boa parte, o que fez com que os EUA perdessem a guerra do Vietnã. Não estou, aqui, repetindo a Dolchstosslegende pela qual os liberais teriam traído o exército americano; pelo contrário, inclusive a moral das próprias tropas americanas foi afetada pelo conhecimento melhor do que estava acontecendo. Tem gente para quem a barbárie é natural e apropriada.

Mas esse não é o caso da maior parte da população, numa sociedade pós-industrial, pós-disciplinar. O Globo não deixou de publicar as fotos porque isso seria apoiar a "guerra," afinal ele apóia a "guerra." Deixou de publicar porque elas, ao mostrar o que significa a retórica belicosa que se disseminou pela sociedade, chocariam. Acho que é disso que o Brasil precisa, no momento, e que nossa imprensa oligárquica definitivamente não vai mostrar. De ser chocado. De encarar frente a frente nossas My Lai.

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