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12.5.11

Defendendo o indefensável, a vingança

O indefensável, no caso, também atende por Gilberto Kassab, ou (dizem as más línguas) Khadija. Com o distanciamento de Kassab do PSDB, a Folha, que é mais tucana do que os próprios tucanos, tem estendido o noticiário negativo sobre ele do caderno Cotidiano ao primeiro caderno. No caderno cotidiano, era uma peculiaridade dos grandes jornais paulistanos em que, ao contrário da maioria dos jornais brasileiros, o caderno local é, de regra geral, crítico quanto aos prefeitos ao ponto do tédio, associada ao fato de a gestão Kassab ser realmente desastrosa. No caderno de política (que é o que na prática o primeiro caderno é), tá mais pra campanha contra. E a última pérola que descobriram foi que aliados do Kassab ganham sinecuras bem remuneradas em conselhos de administração. O que é verdade, e sem dúvida é ridículo o Marco Maciel ser conselheiro da CET (e deixa no chão a aura que de algum modo um sujeito arenista conseguiu, de "político honrado.") Mas porém todavia entretanto... as denúncias fazem parecer que essa é uma peculiaridade de Kassab. Não é. Tanto em empresas públicas como privadas, cargos em conselhos de administração são, como regra, distribuídos assim mesmo. Indica-se alguém que se quer recompensar com uma boquinha, ou então se for importante alguém leal. Quem vocês acham que o Serra indicou pra Sabesp? Antero Paes de Barros e Francisco Luna. O Consad da CEMIG parece um "sociedade mineira," com sobrenomes como Kubitschek e Negrão de Lima. Etc etc etc. Nas estatais federais, isso é em parte até institucionalizado: o presidente do conselho de administração de uma empresa sempre é o ministro ao qual ela está subordinada (não, isso não quer dizer que no caso do BNDES o cargo é preenchido por Deus) ; outra cadeira será preenchida pelo ministro-chefe da casa civil.

Agora pra limpar da boca o gosto de defender Kassab: durante a gestão da Marta Suplicy, a prefeitura paulistana havia elaborado uma cartilha, incluindo um kit e um curso, de introdução à história do negro no Brasil e da África. Foi suspensa por Serra e Kassab, com a alegação de falta de recursos, mentira deslavada já que a verba é federal e continua disponível. Não é apenas que a suspensão seja reacionária - ela contraria flagrantemente uma lei aprovada no Congresso federal. No reacionarismo, em termos de medidas imediatas demonstrando as prioridades, rivaliza com a ministra Ana de Holanda retirando do site do MinC a licença Creative Commons, ou talvez com outra medida de Serra e Kassab, a imposição de "regras mais estritas" para a admissão em albergues de sem-teto. Regras mais estritas quase escancaradamente destinadas a diminuir a procura. A imposição de regras duras, com um suposto cunho moral, destinadas a impedir o acesso à "caridade" do Estado pelos mais miseráveis dos miseráveis, lembra nesse sentido a ação das autoridades do período vitoriano e eduardiano, das poorhouses britânicas aos serviços dos flagelados no Ceará. Taí uma boa bandeira pro partido do Kassab, que por enquanto carece de uma, mesmo que de mentirinha. "Vamos voltar o relógio." Deu quase certo para os conservadores britânicos, que falam descaradamente que bons tempos eram os da rainha Vitória.

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