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4.10.11

DMZ do bem

Da série: propostas do meu partido inelegível, ou, como combinar posts anteriores bem distintos.

O aquecimento global vai afetar o Brasil bem mais do que países de zonas frias, motivo pelo qual é do interesse do país fazer o máximo (por si só e pelo exemplo) para evitar emissões de efeito estufa. A terra de Santa Cruz já tem uma matriz de geração de energia elétrica relativamente limpa, e planos de aumentar essa geração limpa, principalmente via mais hidrelétricas e acessoriamente com eólicas e usinas térmicas a biomassa. Só tem um probleminha...é que um dos problemas que o Brasil vai enfrentar com o aquecimento global é justamente a diminuição da vazão dos rios, principalmente os amazônicos, e da energia dos ventos fora do litoral do nordeste. Uma hidrelétrica que gera 3GW hoje, em 2100 não vai gerar mais de 2,3GW. Um parque eólico no Rio Grande do Sul pode sofrer mais ainda, até 3/4 de perda. Não, não tem alternativa redentora que vá surgir para compensar isso.

A solução da Empresa de Pesquisa Energética e das grandes empreiteiras é óbvia: fazer o máximo possível de hidrelétricas, até que cada desnível da Amazônia esteja aproveitado. E, presume-se, não reste uma castanheira, uma sumaúma que seja, e os índios todos tenham se mudado para favelas em Manaus. Não sei, não sei - talvez não seja a melhor solução possível. De qualquer jeito, considerações humanitárias à parte, com a diminuição da vazão dos rios, tais hidrelétricas se tornam cada vez menos atraentes do ponto de vista econômico.

Agora vem a solução maluca: O primeiro "lugar estranho do mundo" da série que volta e meia aparece neste blog foi a Zona Desmilitarizada entre as duas coréias, na qual o medo humano serviu de proteção melhor do que qualquer desvelo para com a vida selvagem. Do mesmo modo, a área de proteção de Chernobyl, criada após o acidente, se tornou hoje uma área de natureza exuberante. Por outro lado, se você olha um mapa das unidades de conservação no Brasil, vai notar que enquanto na Amazônia há grandes parques naturais, do tamanho de alguns estados menores, no resto do país os parques são tão pequenos que são assinalados por bolinhas ao invés de representados graficamente.

Então que tal, para suprir as necessidades brasileiras de energia limpa, matar dois coelhos com uma caixa d'água só, e instalar usinas nucleares nas regiões sudeste e nordeste, ao lado de parques naturais existentes e no centro de parques naturais maiores a serem criados e eventualmente implantados? A presença da usina nuclear ajudaria a convencer muita gente a vender barato a terra para o governo (ou a concessionária, que teria responsabilidade pelo parque, se fosse o caso), e o parque serviria de zona de amortização que impediria que os efeitos nefastos de algum acidente afetassem seres humanos. Com isso, cada usina nuclear de uns 4GW seria o centro de um parque natural de uns 60Km de raio e 10.000Km2 de área. Com umas vinte dessas, teríamos uma geração elétrica igual ao total hoje produzido no Brasil, e uma área protegida nas regiões mais densamente povoadas no Brasil igualmente dobrada. E, como algumas inevitavelmente seriam feitas nas margens de rios, ainda ajudariam, pela conservação da vegetação, a mitigar as perdas de vazão das hidrelétricas.

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